domingo, 10 de junho de 2012

Dia dos Namorados - 2012: uma singela homenagem

Nesse ano de 2012, completamos um ano de namoro, em Maio. Quantas aventuras, heim?

Logo, nossa maior aventura estará chegando para nós, nosso primeiro filho, Lucca. Essa criança tão pequena e amada em breve estará em nossos braços, sendo amado de perto pelos papais corujas.

Ainda, nesse ano de 2012 passamos nosso segundo dia dos namorados juntos.

Sendo assim, não poderia faltar uma singela homenagem do seu namorido. Espero que você goste, afinal você merece isso e MUITO mais, minha vida! Obrigado por tudo! Obrigado por ter me escolhido! Obrigado por me amar!


Ao final do vídeo eu te fiz uma pergunta muito importante... e sua resposta? Bem, já sabemos qual foi, tanto que você aceitou esse meu presente de coração, futura senhora Fabrício:




Feliz dia dos namorados, minha vida! Que sejamos eternamente namorados, mesmo depois de casados!
Amo você!

terça-feira, 3 de abril de 2012

Dando voz ao texto "Amor não vai faltar...", de Ruan Silva

Gostaria de retransmitir as belas palavras do meu amigo Ruan que, de certa forma, inauguram uma nova fase em minha vida e da futura mamãe Liliane Pessoa. Em novembro nossa família aumentará um pouco e junto com essa criança virão enxurradas de emoções. Obrigado pelas belas palavras, Ruan!

Segue o texto "Amor não vai faltar..." (para mais, visitem o excelente blog Entre Palavras e Devaneios - entrepalavrasedevaneios.blogspot.com.br):

Manhã de quarta... Passou-se a aula e eu nem vi, tal como a noite passada. Em claro...

O quê, de tão importante, me aguarda? Isso não me sai da cabeça...

Enfim, lá vem ela. E vem acompanhada... É chegado o momento!

Indecisão, reticências, angústia...

- Anda! Fala logo! Quer me matar de curiosidade?!

Eis que me é dado a notícia.

- Como assim? Um bebê? Você tá grávida?

...

Processando Informação...

...

Informação Processada.

- Quer dizer que eu vou ser titio? Que alegria!

A benção da chegada de um serzinho, que agora é "do tamanho de um tic-tac", é uma felicidade imensa que agracia e completa a vida de um homem... E de sua respectiva companheira.

Amor não faltará à ele, nem aos pais. Certamente não faltará um tio babão pra essa molequinha (aguardamos...). Aliás, já tem alguns candidatos pra deseducá-las do “Método Paulo Freire”... Sou um deles...

Apoio não faltará, pois horas difíceis virão. Não faltará amor, pois ele é essencial à vida. Não faltará amizade, pois isso é o que nos permite sermos irmãos por toda nossa vida!

[Também não faltará os charutos daqui a alguns meses para comemorar a chegada da nova “Rodrigues” e “Pessoa”].

Quanto a ela (e), espero que tenha a fibra da mãe e a garra do pai, que tenha o charme da mãe e o carisma do pai, que tenha os cabelos da mãe e o sorriso do pai e que seja tão inteligente quanto os dois. Se vier assim, não tem que segure a pirralha... Se não vier, também a amaremos.

Ah, de mim ela tem que ter o amor e a admiração que tenho pelos dois! Os amo de maneira incondicional e fraterna. E já reservo todo meu amor para minha sobrinha que está por vir...

Obrigado por permitir que eu possa compartilhar desse momento tão lindo da vida de vocês!

Mano... Irmãzinha... Somos responsáveis por aquilo que conquistamos, afirmava Antoine de Saint Exupéry em Le Petit Prince. Vocês conquistaram minha amizade, agora se virem pra dar conta...

Estarei sempre com vocês, pra o que der e vier – até mesmo pra trocar fralda -, pois as amizades que cultivamos na faculdade resistem depois dela...

___________
Texto dedicado à Liliane Pessoa e Arthur Rodrigues, irmãos que a vida me proporcionou ter.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Minha jaula enferrujada.

Todos nós nascemos enjaulados. Presos em um reduzido espaço fortemente guardado. De nossas jaulas podemos enxergar apenas outras jaulas, em filas intermináveis da mais profunda reclusão. Sob a luz do sol e da lua, trabalhamos arduamente para manter acesa a chama da liberdade...

Afinal, vivemos uma vida restrita, com uma rotina onde até mesmo a quebra do script tem de ser minunciosamente arquitetada. Um passo fora da linha em direção ao exterior e logo somos atirados de volta às jaulas, surrados e postos novamente em nossos devidos lugares.

Não devemos pensar. Não devemos querer. Não devemos sentir. Somos seres frios, racionais. A lógica da sobrevivência impede o movimento em direção ao verdadeiro amor, à verdadeira amizade, a um sorriso sincero. Em contrapartida, nosso grande cativeiro fica envolto às disputas entre o gênero (des) humano. Medo, rancor, inveja, ódio, desespero, guerra e sofrimento... Dor. São palavras do cotidiano, imersas em ações de terceiros que, indubitavelmente, se importam com algo: o próprio nariz, salvar a própria pele, passando por cima dos outros e estabelecendo suas próprias regras tolas de conduta, que só servem para aprisionar muitos em novas jaulas.

Os poucos que se arriscam abrindo os olhos e deixando os sentidos se manifestarem encontram-se em desespero, na beirada da falésia da loucura. Os tons de cinza do céu e o constante clima escuro da morte que espreita a todos nós. E aquele cheiro! Os odores de nossas próprias porcarias que emanam de nossos corpos, de nossas respirações. De nossos corpos em pleno processo de decomposição involuntária. Tudo isto complementado com uma trilha sonora bastante humana: gritos. Desespero, dor, arrependimento, ciúmes, ódio...

Ah... A tão sonhada liberdade...!

Será que alguém chegou a alcança-la de verdade? Será um mito, uma utopia? Um conto de fadas, talvez?

Bem, ninguém nunca passou caminhando pelo meu cárcere e me contou as maravilhas do lado de fora dessa prisão.

No entanto, ainda está em tempo de aproveitar esses últimos resquícios de sanidade e ir a busca desse sonho. Não adianta me segurar pelas pernas, pelos braços... Eu escaparei, nem que seja mordendo as grades, cabeceando-as, até que se corroam, que cedam. Escaparei da minha velha jaula enferrujada.

Sei que não há volta.

Só espero que o lado de fora não seja uma loucura maior, que me faça perceber que eu estava mais seguro do lado de dentro...

domingo, 8 de maio de 2011

Especial do dia das mães: especialmente para a @lilapessoa

 

Eu tenho que ser sincero com você,

Apareceu alguém em minha vida. Alguém inesperado. Uma estranha, a princípio.

Eu realmente não esperava que minha zona de conforto pudesse ser invadida desse jeito, tomada de assalto, levando consigo meu cuidado, minha curiosidade, meu respeito.

Muito menos eu poderia imaginar que me tornaria um dependente. Sim, como um viciado que precisa de mais um trago. “Um pouco de atenção, por favor!”, eu pedia ao garçom, no entanto, esse tipo de coisa não vende engarrafado, precisa ser cativado de pessoas especiais.

Não consigo imaginar como essa estranha, que pra mim, falava uma língua complicada e tinha ações e atitudes ainda mais complexas, tornou-se parte da minha vida. Foi rápido, intenso, de supetão.

Eu sei, “supetão” é uma palavra feia. Um pouco engraçada, talvez. É como falar “glaucoma” ou “caçarola”. Mas não vem ao caso, não é?

Eu aprendi a falar a língua dela. Aprendi a lidar com suas ações. Foi repentino! Realmente da noite para o dia. Porém, eu não lembro qual foi o estopim de tudo isso...

Ah, sim! Está voltando a mim... Foi algo chamado “carinho”. Coisa rara de se ver nos tempos atuais, ainda mais em sua forma mais pura: a sincera.

Pessoas costumam dar carinho às outras, enchendo-as de “eu te amo”, “eu te adoro”, “casa comigo?”, mas sempre da forma errada. Sempre em demasia. Sempre esperando algo em retorno. Não se vê mais por aí pessoas sentimentalmente altruístas, prontas para dar as outras uma amostra de seu coração.

Eu sou do contra, sou assim.

Tenho de admitir que ela mexeu comigo. Ensinou-me uma coisa ou duas sobre a vida (mentira, continua me ensinando!) e me puxou pela mão, dizendo “vem cá, eu cuido de você”. Não foi só a mão que ela puxou, aliás! No caminho eu ganhei vários puxões de orelha, mas todos eles acompanhados de um belo sorriso.

Sim, tem isso.

Eu me vejo agora perdidamente encantado pelo sorriso dela.

Não é pretensioso. Não é sarcástico. É somente... Sincero.

Ela também não é a pessoa mais indefesa do mundo, muito pelo contrário! Sempre, quando ela quer, quando ela precisa, sabe mostrar suas garras, destilar seu veneno. É um mecanismo de autodefesa que de vez em quando sabe me pegar, afinal, também dou minhas mancadas para com ela.

Natural! Somos duas pessoas fortes com personalidades ainda mais fortes! Ela, sempre com seu jeito independente, fazendo o tipo “dama-de-ferro”. Eu, com meu jeitão calado e ao mesmo tempo como quem diz “tente me entender, se puder”. Somos dois canastrões, isso sim. Perdidos na confusão sentimental que nos rodeia, sempre prontos pra defender aquilo e aqueles que amamos. Sei que somos assim.

Falo no plural, pois sou atrevido. Sou chato mesmo, mesmo sabendo a hora de parar.

Peço desculpas, mas tenho que falar agora as coisas que eu não quero.

Eu não quero deixá-la triste, isso já ficou claro. Não quero perder um sorriso sequer dela, isso me acalma. Não quero deixá-la sonhar sozinha, quero estar sempre perto, para sonharmos juntos (ou desejarmos juntos). Não quero amá-la de mais, e ai chegamos ao ponto principal das minhas preocupações, porque não quero perdê-la.

Pessoas como ela são difíceis de encontrar, você sabia?

Falo isso porque tenho certa experiência no assunto. Tantas idas e vindas de amizades que me legaram nada mais do que a injustiça de alguns poucos momentos bons e inúmeros ruins.

No entanto, com ela, todos os dias existem novos desafios! Problemas a serem resolvidos! Batalhas a serem travadas! É isso que deixa a convivência com ela realmente gostosa. Faz os dias serem bons.

Ahá! Estamos, nesse exato momento, em uma batalha dessas! E, apesar dela ser extremamente “realista-de-meia-tigela”, eu sei que ela gosta de receber meus elogios. Eu sei disso porque também não me canso de fazê-los.

Linda, cheirosa, atenciosa, carinhosa, estudiosa. Muitos “osa’s”, eu sei, mas todos eles muito merecidos (assim como o “linda”, que não tem “osa”, mas é elogio!). Todos eles são sinceros.

Se ela estiver lendo isso, esse seria o momento de concluir essa minha declaração com um grande “muito obrigado”. Obrigado por me tirar da escuridão, por fazer meus dias mais coloridos (mas não tanto, por favor!), por me obrigar a tirar minha cara do meu próprio traseiro, fazendo-me encarar os problemas de frente. Muito obrigado ainda pelo companheirismo, pelo imenso carinho e preocupação e, por que não, pelos puxões de orelha!

Sabe, eu quero realmente que você saiba o quanto ela significa pra mim, mesmo ela sendo uma fã meio surtada do Bon Jovi. Porque, apesar de tudo, ela é a minha mãe e seu amor é minha “bad medicine”.

Feliz dia das mães,

Do seu filhote que te admira e ama muito,

Arthur “Bambino” Fabrício.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

No more Mr. Nice Guy!

Esses dias que passaram em que eu fiquei ausente foram dias realmente estranhos. Não estranhos de uma forma bizarra ou chata, apenas diferentes. Especiais, talvez. Desafiadores.

Eu digo isso porque, talvez pela primeira vez, me dei conta que o tempo está me pregando peças.

Me sinto enganado pelo meu próprio corpo, pelo meu relógio. Ah! Esquece, não tenho relógio... Ok, péssima piada.

Vejo-me mudando. Percebo que adquiri conhecimentos que eu não tinha há alguns meses atrás. Olho ao meu redor e vejo as pessoas envelhecerem. Desvantagens de sermos mortais, talvez. Há quem veja como uma vantagem. Eu tendo a concordar. Ou discordar. Não sei. Agora não é realmente o momento pra pensar nisso…

O fato é que eu passei a ver as coisas com olhos diferentes. Nada parece mais estar no lugar correto. Percebo quantas vezes nos últimos meses eu fui um verdadeiro idiota, ou de acordo com minhas tendências auto-destrutivas (minha tendência bomba-relógio, como diria um amigo próximo!), me deixei levar pela maré de eventos, me tornando aquilo que jurei não me tornar. Uma sombra de mim

Divagações individualistas, eu sei, mas estou chegando ao prato principal.

A questão é que com o abalo que deixou meu mundo de ponta-à-cabeça veio a ressaca. Percebo que nada é mais como um dia foi. Estamos realmente rodeados de pessoas que tem, como missão de vida, destruir as nossas! Porra, a luta nem sempre é justa, mas ela existe, independente de você se dispor a lutá-la. E o pior: se você não o faz essas pessoas nos derrubam, nos fazem comer areia e nos tratam como vadias baratas.

A vida não é justa, quem disse mesmo que era?

Não importa, eu só sei que quero realmente voltar a ser o que já fui.

Uma hora você parece estar viajando, outra hora você é puxado pelos pés, forçado a acordar do sonho e viver a vida real. Pés no chão. Cabeça erguida.

Mais um dia pela frente.

Merda, eu só quero ser eu mesmo novamente, vendo a vida através daquele véu que deixava tudo mais bonito, como se um conto de fadas estivesse em ação! Mas não adianta, realmente não adianta. Eu estou de quatro, como uma vadia barata, admito.

Caído, mas sem perder a luta, eu diria.

Da mesma forma que perdi a noção do agora e passei a enxergar esse mundo de outra forma, eu ganhei novas armas, poderosas, para continuar nele.

Percebi que nem sempre você pode ser o “Mr. Nice Guy”. Aliás, você não vai querer seguir esse caminho, meu amigo. Palavra de quem conhece as consequências. Não é nada bonito.

Entendi ainda que você tem que estar sempre preparado para uma situação abrupta onde você vai se ver de frente com a morte. Uma velha companheira, eu sei. Sempre presente, de olho no que é dela. “A” inevitável. Um dia desses vou estar junto com ela, ora, todos estaremos! Nesse dia, vou aproveitar pra tomar um trago com a última mulher que flertarei na vida.

Ah, não esqueça das palavras! Essas sim são as maiores armas. Palavras que defendem, mas que também cortam como navalhas. Palavras que não voltam. Palavras que ficam no ar. Palavras que se repetem, que se proliferam.

Um “eu bem que te disse” vale mais do que milhões de livros de auto-ajuda. Um “foda-se” é mais forte que uma bomba atômica. Um “eu te amo”, mais sincero que um tratado de paz.

Mas o que eu entendo, não é mesmo? Sou só mais um estranho no ninho, flutuando nesse novo mundo.

Até que vem um novo terremoto. Uma nova ressaca.

Novamente você se depara com um mundo novo, tudo mudou de novo.

Lá vamos mais uma vez… Lutando para não se tornar uma sombra em um mundo tão escuro e selvagem.

terça-feira, 8 de março de 2011

Luzes que se apagam.

Querida Anne,

Eu não quero mais sentir. Está cada vez mais difícil respirar o ar dessa cidade estranha, mesmo me enxendo com todas a pílulas possíveis e bebendo todo o álcool das prateleira visíveis. Me sinto envenenado, condenado a passar uma vida miserável, autodestrutiva, apenas para suprir meus pecados.

Eu caio, não consigo mais levantar.

A gravidade desse planeta é mais do que posso suportar. O peso nas minhas costas não ajuda, é como se todos os problemas se revertessem em alteres de ouro e prata pendurados em ganchos que perfuram minhas costelas e me jogam pra baixo.

Amar você tem sido mais complicado do que viver sob essas condições. Chega a doer em certos momentos. É difícil, é mortal. Não entendo esse jogo de pingue-pongue em que nos metemos: sempre em trânsito, de um lado a outro, cruzando a linha imaginária da felicidade e da mais profunda agonia; do ódio e do amor; do certo e do errado.

Só sei que me encontro terrívelmente apaixonado por você, mesmo com todas as merdas que acontecem e com todos os osbstáculos. Só sei que você é o que mais se parece com um lar, no momento, para mim. Só sei que eu não quero ir embora agora.

No entanto, enquanto corro para te encontrar, sinto que você continua, ainda, tão distante no meu horizonte. Uma miragem. Cervejas e cigarros não tem sido o bastante pra aliviar minha condição crônica. Deitar em tantas camas diferentes com tantas mulheres estranhas também não tem ajudado. Sinto-me perdido. Sem rumo.

Tudo que eu quero é seu sorriso, deitar em nossa cama. Me sentir em casa.

Tudo que consigo, por outro lado, são luzes apagando, dando lugar a escuridão.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Acordar sem você.

 

Acordei ainda meio atordoado com tudo que se passou noite passada. Seu cheiro continua em mim, impregnado. Quase, ainda, posso sentir seu calor em meus lençóis, ou isso é apenas o que eu desejo nesse momento.

Algumas garrafas de cerveja pelo chão, várias derrubadas, formando poças, manchando os carpetes em que costumávamos nos deitar, você, com seu cigarro pendendo dócilmente da boca, com a bituca manchada com um batom cor-de-vrinho; e eu, um bobo sorridente, com uma garrafa de Heineken na mão, ainda ofegante, olhando para o seu rosto cuidadosamente expressivo que me dizia “eu quero você cada vez mais!”. As marcas nas minhas costas são a prova do teu desejo, quase vital, por mim.

Seguindo uma trilha de cinzas posso entender que você saiu porta à fora. Você disse que o faria, eu aceito. Alguém aqui tem que trabalhar, crescer na vida, ou pelo menos, crescer mentalmente.

Acendi um cigarro dela… reserva especial. Como um pedaço de carne das sobras da noite passada e abro uma cerveja gelada, colocando-a ao alcance de minha mão esquerda. O cigarro queima, com seus minutos de vida contados, num cinzeiro em forma de pato. Na minha frente, meu computador, onde, nesse momento, digito furiosamente palavras que vão compor meu próximo livro.

Sim, eu sou sou um escritor.

Não, não faço tanto sucesso.

Eu sou daquele tipo de cara old school que senta o traseiro de frente ao teclado e digita durante dias à fio, aproveitando um súbito momento de criatividade. Esse é um deles.

As palavras parecem brotar em minha mente, me sinto bem…

Talvez seja a fumaça do cigarro. Me lembra ela.

Falando nela, meu telefone celular vibra. Mensagem recebida. Leio: “Saindo do trabalho, chego já em casa! Estou com saudades, baby!”.

Tomo mais um gole da minha cerveja enquanto penso nas minhas próximas palavras. Um trago do cigarro dela.

“Toda manhã tenho a sensação que ela me deixa e eu acordo numa cama imensa com o cheiro dela, porém vazia…”, escrevi em meu teclado, com o cigarro pendurado no canto da boca.

KNOCK, KNOCK!

Perdi a noção do tempo, ela está de volta, provavelmente. Ando até a porta. Passos silenciosos. Olho mágico. É realmente ela.

Dá pra sentir seu perfume subindo pela fresta da porta. Ela é realmente linda.

KNOCK, KNOCK!

Ela está segurando alguma coisa em suas mãos. Está embrulhado em papel de presente.

KNOCK, KNOCK!

KNOCK, KNOCK!

KNOCK, KNOCK!

Estou sentado no chão, com as mãos na cabeça, encostado na porta e ouvindo ela gritar desesperada. Ela chora. Ela sabe que estou ali do outro lado. Ela pede que eu por favor pare com isso, que a deixe entrar. Ela urra que me ama. Promete o céu à mim.

Finalmente cansa.

Ouço passos descendo as escadas do prédio e um choro estridente.

A garrafa vazia de Heineken serve de cinzeiro para o último cigarro. Levanto e abro a porta. O presente estava ali em frente a ela. O levo até a mesa da sala e abro: um bolo. Escrito com glacê, em cima: “Um ano perfeito!”.

Tiro um pedaço, com as mãos mesmo, e pego outra cerveja. Ponho novamente ao lado do computador. Limpo a sujeira do bolo no calção de nylon.

Respiro fundo.

As palavras surgem diante da tela, lentamente: “…mas na realidade, sou eu quem a deixo, com medo de amá-la ainda mais e perdê-la de qualquer forma.”

Salvo o texto.

Seguro o notebook com as duas mãos. Olho para ele por alguns segundos.

Finalmente acabei.

O arremesso pela janela aberta.