Eu tenho que ser sincero com você,
Apareceu alguém em minha vida. Alguém inesperado. Uma estranha, a princípio.
Eu realmente não esperava que minha zona de conforto pudesse ser invadida desse jeito, tomada de assalto, levando consigo meu cuidado, minha curiosidade, meu respeito.
Muito menos eu poderia imaginar que me tornaria um dependente. Sim, como um viciado que precisa de mais um trago. “Um pouco de atenção, por favor!”, eu pedia ao garçom, no entanto, esse tipo de coisa não vende engarrafado, precisa ser cativado de pessoas especiais.
Não consigo imaginar como essa estranha, que pra mim, falava uma língua complicada e tinha ações e atitudes ainda mais complexas, tornou-se parte da minha vida. Foi rápido, intenso, de supetão.
Eu sei, “supetão” é uma palavra feia. Um pouco engraçada, talvez. É como falar “glaucoma” ou “caçarola”. Mas não vem ao caso, não é?
Eu aprendi a falar a língua dela. Aprendi a lidar com suas ações. Foi repentino! Realmente da noite para o dia. Porém, eu não lembro qual foi o estopim de tudo isso...
Ah, sim! Está voltando a mim... Foi algo chamado “carinho”. Coisa rara de se ver nos tempos atuais, ainda mais em sua forma mais pura: a sincera.
Pessoas costumam dar carinho às outras, enchendo-as de “eu te amo”, “eu te adoro”, “casa comigo?”, mas sempre da forma errada. Sempre em demasia. Sempre esperando algo em retorno. Não se vê mais por aí pessoas sentimentalmente altruístas, prontas para dar as outras uma amostra de seu coração.
Eu sou do contra, sou assim.
Tenho de admitir que ela mexeu comigo. Ensinou-me uma coisa ou duas sobre a vida (mentira, continua me ensinando!) e me puxou pela mão, dizendo “vem cá, eu cuido de você”. Não foi só a mão que ela puxou, aliás! No caminho eu ganhei vários puxões de orelha, mas todos eles acompanhados de um belo sorriso.
Sim, tem isso.
Eu me vejo agora perdidamente encantado pelo sorriso dela.
Não é pretensioso. Não é sarcástico. É somente... Sincero.
Ela também não é a pessoa mais indefesa do mundo, muito pelo contrário! Sempre, quando ela quer, quando ela precisa, sabe mostrar suas garras, destilar seu veneno. É um mecanismo de autodefesa que de vez em quando sabe me pegar, afinal, também dou minhas mancadas para com ela.
Natural! Somos duas pessoas fortes com personalidades ainda mais fortes! Ela, sempre com seu jeito independente, fazendo o tipo “dama-de-ferro”. Eu, com meu jeitão calado e ao mesmo tempo como quem diz “tente me entender, se puder”. Somos dois canastrões, isso sim. Perdidos na confusão sentimental que nos rodeia, sempre prontos pra defender aquilo e aqueles que amamos. Sei que somos assim.
Falo no plural, pois sou atrevido. Sou chato mesmo, mesmo sabendo a hora de parar.
Peço desculpas, mas tenho que falar agora as coisas que eu não quero.
Eu não quero deixá-la triste, isso já ficou claro. Não quero perder um sorriso sequer dela, isso me acalma. Não quero deixá-la sonhar sozinha, quero estar sempre perto, para sonharmos juntos (ou desejarmos juntos). Não quero amá-la de mais, e ai chegamos ao ponto principal das minhas preocupações, porque não quero perdê-la.
Pessoas como ela são difíceis de encontrar, você sabia?
Falo isso porque tenho certa experiência no assunto. Tantas idas e vindas de amizades que me legaram nada mais do que a injustiça de alguns poucos momentos bons e inúmeros ruins.
No entanto, com ela, todos os dias existem novos desafios! Problemas a serem resolvidos! Batalhas a serem travadas! É isso que deixa a convivência com ela realmente gostosa. Faz os dias serem bons.
Ahá! Estamos, nesse exato momento, em uma batalha dessas! E, apesar dela ser extremamente “realista-de-meia-tigela”, eu sei que ela gosta de receber meus elogios. Eu sei disso porque também não me canso de fazê-los.
Linda, cheirosa, atenciosa, carinhosa, estudiosa. Muitos “osa’s”, eu sei, mas todos eles muito merecidos (assim como o “linda”, que não tem “osa”, mas é elogio!). Todos eles são sinceros.
Se ela estiver lendo isso, esse seria o momento de concluir essa minha declaração com um grande “muito obrigado”. Obrigado por me tirar da escuridão, por fazer meus dias mais coloridos (mas não tanto, por favor!), por me obrigar a tirar minha cara do meu próprio traseiro, fazendo-me encarar os problemas de frente. Muito obrigado ainda pelo companheirismo, pelo imenso carinho e preocupação e, por que não, pelos puxões de orelha!
Sabe, eu quero realmente que você saiba o quanto ela significa pra mim, mesmo ela sendo uma fã meio surtada do Bon Jovi. Porque, apesar de tudo, ela é a minha mãe e seu amor é minha “bad medicine”.
Feliz dia das mães,
Do seu filhote que te admira e ama muito,
Arthur “Bambino” Fabrício.