domingo, 8 de maio de 2011

Especial do dia das mães: especialmente para a @lilapessoa

 

Eu tenho que ser sincero com você,

Apareceu alguém em minha vida. Alguém inesperado. Uma estranha, a princípio.

Eu realmente não esperava que minha zona de conforto pudesse ser invadida desse jeito, tomada de assalto, levando consigo meu cuidado, minha curiosidade, meu respeito.

Muito menos eu poderia imaginar que me tornaria um dependente. Sim, como um viciado que precisa de mais um trago. “Um pouco de atenção, por favor!”, eu pedia ao garçom, no entanto, esse tipo de coisa não vende engarrafado, precisa ser cativado de pessoas especiais.

Não consigo imaginar como essa estranha, que pra mim, falava uma língua complicada e tinha ações e atitudes ainda mais complexas, tornou-se parte da minha vida. Foi rápido, intenso, de supetão.

Eu sei, “supetão” é uma palavra feia. Um pouco engraçada, talvez. É como falar “glaucoma” ou “caçarola”. Mas não vem ao caso, não é?

Eu aprendi a falar a língua dela. Aprendi a lidar com suas ações. Foi repentino! Realmente da noite para o dia. Porém, eu não lembro qual foi o estopim de tudo isso...

Ah, sim! Está voltando a mim... Foi algo chamado “carinho”. Coisa rara de se ver nos tempos atuais, ainda mais em sua forma mais pura: a sincera.

Pessoas costumam dar carinho às outras, enchendo-as de “eu te amo”, “eu te adoro”, “casa comigo?”, mas sempre da forma errada. Sempre em demasia. Sempre esperando algo em retorno. Não se vê mais por aí pessoas sentimentalmente altruístas, prontas para dar as outras uma amostra de seu coração.

Eu sou do contra, sou assim.

Tenho de admitir que ela mexeu comigo. Ensinou-me uma coisa ou duas sobre a vida (mentira, continua me ensinando!) e me puxou pela mão, dizendo “vem cá, eu cuido de você”. Não foi só a mão que ela puxou, aliás! No caminho eu ganhei vários puxões de orelha, mas todos eles acompanhados de um belo sorriso.

Sim, tem isso.

Eu me vejo agora perdidamente encantado pelo sorriso dela.

Não é pretensioso. Não é sarcástico. É somente... Sincero.

Ela também não é a pessoa mais indefesa do mundo, muito pelo contrário! Sempre, quando ela quer, quando ela precisa, sabe mostrar suas garras, destilar seu veneno. É um mecanismo de autodefesa que de vez em quando sabe me pegar, afinal, também dou minhas mancadas para com ela.

Natural! Somos duas pessoas fortes com personalidades ainda mais fortes! Ela, sempre com seu jeito independente, fazendo o tipo “dama-de-ferro”. Eu, com meu jeitão calado e ao mesmo tempo como quem diz “tente me entender, se puder”. Somos dois canastrões, isso sim. Perdidos na confusão sentimental que nos rodeia, sempre prontos pra defender aquilo e aqueles que amamos. Sei que somos assim.

Falo no plural, pois sou atrevido. Sou chato mesmo, mesmo sabendo a hora de parar.

Peço desculpas, mas tenho que falar agora as coisas que eu não quero.

Eu não quero deixá-la triste, isso já ficou claro. Não quero perder um sorriso sequer dela, isso me acalma. Não quero deixá-la sonhar sozinha, quero estar sempre perto, para sonharmos juntos (ou desejarmos juntos). Não quero amá-la de mais, e ai chegamos ao ponto principal das minhas preocupações, porque não quero perdê-la.

Pessoas como ela são difíceis de encontrar, você sabia?

Falo isso porque tenho certa experiência no assunto. Tantas idas e vindas de amizades que me legaram nada mais do que a injustiça de alguns poucos momentos bons e inúmeros ruins.

No entanto, com ela, todos os dias existem novos desafios! Problemas a serem resolvidos! Batalhas a serem travadas! É isso que deixa a convivência com ela realmente gostosa. Faz os dias serem bons.

Ahá! Estamos, nesse exato momento, em uma batalha dessas! E, apesar dela ser extremamente “realista-de-meia-tigela”, eu sei que ela gosta de receber meus elogios. Eu sei disso porque também não me canso de fazê-los.

Linda, cheirosa, atenciosa, carinhosa, estudiosa. Muitos “osa’s”, eu sei, mas todos eles muito merecidos (assim como o “linda”, que não tem “osa”, mas é elogio!). Todos eles são sinceros.

Se ela estiver lendo isso, esse seria o momento de concluir essa minha declaração com um grande “muito obrigado”. Obrigado por me tirar da escuridão, por fazer meus dias mais coloridos (mas não tanto, por favor!), por me obrigar a tirar minha cara do meu próprio traseiro, fazendo-me encarar os problemas de frente. Muito obrigado ainda pelo companheirismo, pelo imenso carinho e preocupação e, por que não, pelos puxões de orelha!

Sabe, eu quero realmente que você saiba o quanto ela significa pra mim, mesmo ela sendo uma fã meio surtada do Bon Jovi. Porque, apesar de tudo, ela é a minha mãe e seu amor é minha “bad medicine”.

Feliz dia das mães,

Do seu filhote que te admira e ama muito,

Arthur “Bambino” Fabrício.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

No more Mr. Nice Guy!

Esses dias que passaram em que eu fiquei ausente foram dias realmente estranhos. Não estranhos de uma forma bizarra ou chata, apenas diferentes. Especiais, talvez. Desafiadores.

Eu digo isso porque, talvez pela primeira vez, me dei conta que o tempo está me pregando peças.

Me sinto enganado pelo meu próprio corpo, pelo meu relógio. Ah! Esquece, não tenho relógio... Ok, péssima piada.

Vejo-me mudando. Percebo que adquiri conhecimentos que eu não tinha há alguns meses atrás. Olho ao meu redor e vejo as pessoas envelhecerem. Desvantagens de sermos mortais, talvez. Há quem veja como uma vantagem. Eu tendo a concordar. Ou discordar. Não sei. Agora não é realmente o momento pra pensar nisso…

O fato é que eu passei a ver as coisas com olhos diferentes. Nada parece mais estar no lugar correto. Percebo quantas vezes nos últimos meses eu fui um verdadeiro idiota, ou de acordo com minhas tendências auto-destrutivas (minha tendência bomba-relógio, como diria um amigo próximo!), me deixei levar pela maré de eventos, me tornando aquilo que jurei não me tornar. Uma sombra de mim

Divagações individualistas, eu sei, mas estou chegando ao prato principal.

A questão é que com o abalo que deixou meu mundo de ponta-à-cabeça veio a ressaca. Percebo que nada é mais como um dia foi. Estamos realmente rodeados de pessoas que tem, como missão de vida, destruir as nossas! Porra, a luta nem sempre é justa, mas ela existe, independente de você se dispor a lutá-la. E o pior: se você não o faz essas pessoas nos derrubam, nos fazem comer areia e nos tratam como vadias baratas.

A vida não é justa, quem disse mesmo que era?

Não importa, eu só sei que quero realmente voltar a ser o que já fui.

Uma hora você parece estar viajando, outra hora você é puxado pelos pés, forçado a acordar do sonho e viver a vida real. Pés no chão. Cabeça erguida.

Mais um dia pela frente.

Merda, eu só quero ser eu mesmo novamente, vendo a vida através daquele véu que deixava tudo mais bonito, como se um conto de fadas estivesse em ação! Mas não adianta, realmente não adianta. Eu estou de quatro, como uma vadia barata, admito.

Caído, mas sem perder a luta, eu diria.

Da mesma forma que perdi a noção do agora e passei a enxergar esse mundo de outra forma, eu ganhei novas armas, poderosas, para continuar nele.

Percebi que nem sempre você pode ser o “Mr. Nice Guy”. Aliás, você não vai querer seguir esse caminho, meu amigo. Palavra de quem conhece as consequências. Não é nada bonito.

Entendi ainda que você tem que estar sempre preparado para uma situação abrupta onde você vai se ver de frente com a morte. Uma velha companheira, eu sei. Sempre presente, de olho no que é dela. “A” inevitável. Um dia desses vou estar junto com ela, ora, todos estaremos! Nesse dia, vou aproveitar pra tomar um trago com a última mulher que flertarei na vida.

Ah, não esqueça das palavras! Essas sim são as maiores armas. Palavras que defendem, mas que também cortam como navalhas. Palavras que não voltam. Palavras que ficam no ar. Palavras que se repetem, que se proliferam.

Um “eu bem que te disse” vale mais do que milhões de livros de auto-ajuda. Um “foda-se” é mais forte que uma bomba atômica. Um “eu te amo”, mais sincero que um tratado de paz.

Mas o que eu entendo, não é mesmo? Sou só mais um estranho no ninho, flutuando nesse novo mundo.

Até que vem um novo terremoto. Uma nova ressaca.

Novamente você se depara com um mundo novo, tudo mudou de novo.

Lá vamos mais uma vez… Lutando para não se tornar uma sombra em um mundo tão escuro e selvagem.

terça-feira, 8 de março de 2011

Luzes que se apagam.

Querida Anne,

Eu não quero mais sentir. Está cada vez mais difícil respirar o ar dessa cidade estranha, mesmo me enxendo com todas a pílulas possíveis e bebendo todo o álcool das prateleira visíveis. Me sinto envenenado, condenado a passar uma vida miserável, autodestrutiva, apenas para suprir meus pecados.

Eu caio, não consigo mais levantar.

A gravidade desse planeta é mais do que posso suportar. O peso nas minhas costas não ajuda, é como se todos os problemas se revertessem em alteres de ouro e prata pendurados em ganchos que perfuram minhas costelas e me jogam pra baixo.

Amar você tem sido mais complicado do que viver sob essas condições. Chega a doer em certos momentos. É difícil, é mortal. Não entendo esse jogo de pingue-pongue em que nos metemos: sempre em trânsito, de um lado a outro, cruzando a linha imaginária da felicidade e da mais profunda agonia; do ódio e do amor; do certo e do errado.

Só sei que me encontro terrívelmente apaixonado por você, mesmo com todas as merdas que acontecem e com todos os osbstáculos. Só sei que você é o que mais se parece com um lar, no momento, para mim. Só sei que eu não quero ir embora agora.

No entanto, enquanto corro para te encontrar, sinto que você continua, ainda, tão distante no meu horizonte. Uma miragem. Cervejas e cigarros não tem sido o bastante pra aliviar minha condição crônica. Deitar em tantas camas diferentes com tantas mulheres estranhas também não tem ajudado. Sinto-me perdido. Sem rumo.

Tudo que eu quero é seu sorriso, deitar em nossa cama. Me sentir em casa.

Tudo que consigo, por outro lado, são luzes apagando, dando lugar a escuridão.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Acordar sem você.

 

Acordei ainda meio atordoado com tudo que se passou noite passada. Seu cheiro continua em mim, impregnado. Quase, ainda, posso sentir seu calor em meus lençóis, ou isso é apenas o que eu desejo nesse momento.

Algumas garrafas de cerveja pelo chão, várias derrubadas, formando poças, manchando os carpetes em que costumávamos nos deitar, você, com seu cigarro pendendo dócilmente da boca, com a bituca manchada com um batom cor-de-vrinho; e eu, um bobo sorridente, com uma garrafa de Heineken na mão, ainda ofegante, olhando para o seu rosto cuidadosamente expressivo que me dizia “eu quero você cada vez mais!”. As marcas nas minhas costas são a prova do teu desejo, quase vital, por mim.

Seguindo uma trilha de cinzas posso entender que você saiu porta à fora. Você disse que o faria, eu aceito. Alguém aqui tem que trabalhar, crescer na vida, ou pelo menos, crescer mentalmente.

Acendi um cigarro dela… reserva especial. Como um pedaço de carne das sobras da noite passada e abro uma cerveja gelada, colocando-a ao alcance de minha mão esquerda. O cigarro queima, com seus minutos de vida contados, num cinzeiro em forma de pato. Na minha frente, meu computador, onde, nesse momento, digito furiosamente palavras que vão compor meu próximo livro.

Sim, eu sou sou um escritor.

Não, não faço tanto sucesso.

Eu sou daquele tipo de cara old school que senta o traseiro de frente ao teclado e digita durante dias à fio, aproveitando um súbito momento de criatividade. Esse é um deles.

As palavras parecem brotar em minha mente, me sinto bem…

Talvez seja a fumaça do cigarro. Me lembra ela.

Falando nela, meu telefone celular vibra. Mensagem recebida. Leio: “Saindo do trabalho, chego já em casa! Estou com saudades, baby!”.

Tomo mais um gole da minha cerveja enquanto penso nas minhas próximas palavras. Um trago do cigarro dela.

“Toda manhã tenho a sensação que ela me deixa e eu acordo numa cama imensa com o cheiro dela, porém vazia…”, escrevi em meu teclado, com o cigarro pendurado no canto da boca.

KNOCK, KNOCK!

Perdi a noção do tempo, ela está de volta, provavelmente. Ando até a porta. Passos silenciosos. Olho mágico. É realmente ela.

Dá pra sentir seu perfume subindo pela fresta da porta. Ela é realmente linda.

KNOCK, KNOCK!

Ela está segurando alguma coisa em suas mãos. Está embrulhado em papel de presente.

KNOCK, KNOCK!

KNOCK, KNOCK!

KNOCK, KNOCK!

Estou sentado no chão, com as mãos na cabeça, encostado na porta e ouvindo ela gritar desesperada. Ela chora. Ela sabe que estou ali do outro lado. Ela pede que eu por favor pare com isso, que a deixe entrar. Ela urra que me ama. Promete o céu à mim.

Finalmente cansa.

Ouço passos descendo as escadas do prédio e um choro estridente.

A garrafa vazia de Heineken serve de cinzeiro para o último cigarro. Levanto e abro a porta. O presente estava ali em frente a ela. O levo até a mesa da sala e abro: um bolo. Escrito com glacê, em cima: “Um ano perfeito!”.

Tiro um pedaço, com as mãos mesmo, e pego outra cerveja. Ponho novamente ao lado do computador. Limpo a sujeira do bolo no calção de nylon.

Respiro fundo.

As palavras surgem diante da tela, lentamente: “…mas na realidade, sou eu quem a deixo, com medo de amá-la ainda mais e perdê-la de qualquer forma.”

Salvo o texto.

Seguro o notebook com as duas mãos. Olho para ele por alguns segundos.

Finalmente acabei.

O arremesso pela janela aberta.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

“Nunca desista, você pode tudo que quiser!”.

“Nunca desista, você pode tudo que quiser!”, dizia sua mãe quando você ainda era um adolecente. Eu sei, eu já ouvi isso. Você provavelmente também, não é mesmo?

A vida nos impõe duras situações. Momentos de vida e morte. Entre a alegria e a mais profunda tristeza. Entre o certo e o errado.

Vou ser sincero, é foda a sensação de frustração.

A frustração te corrói por dentro, como um veneno poderoso, uma arma letal, que não te mata (diretamente), mas continua no seu corpo pra sempre. Algo alienígina, sempre em sua mente.

Por mais que você pense em voltar atrás e tentar ajeitar as coisas, já está tudo feito. O passado não retorna, essa é uma das máximas da vida.

Estamos presos às nossas ações. Elas nos definem, no final. Nós somos elas.

Quem nunca sentiu uma pressão inexistente ao redor depois de ter (de vontade própria, ou não) desistido de algo que muito quis?

A verdade é que não podemos nos entregar. Nesse mundo-cão, quem se entrega, quem desiste sem tentar, é considerado um fraco, é vencido, jogado à lona.

A velha máxima do “olho-por-olho, dente-por-dente”, novamente.

Eu sei, não é justo… mas ninguém falou em justiça aqui. Falo de sobrevivência.

Aquele que perservera tem seu futuro reservado pelos deuses?

Talvez.

O gosto da lona pode parecer sujo, mas para aquele que tentou, que lutou, que se agarrou com unhas e dentes à aquilo que quis, pode sentir um retrogosto doce de vitória.

Não podemos vencer todas na vida. Essa é outra máxima dela.

Mas, sim: podemos lutar.

Podemos cair.

Podemos sangrar. Até deuses sangram.

Podemos morrer, é verdade. A imortalidade é apenas um mito construído para nos controlar, para nos manter à margem, no desejo. Subordinados.

Eu já senti o gosto da lona tantas vezes que nem mais posso contar.

Eu já sangrei e me machuquei no caminho.

Eu já perdi incontáveis lutas.

Mas eu tenho um certo orgulho.

Então, se você luta pela vida, por cada amanhã, bata no seu peito e urre. Esse é o orgulho. A vitória é sua por perserverar.

Essa é uma qualidade em extinção. Algo que falta em todos nós.

Reaja.

Sinta.

Tente.

Seja audacioso.

Apanhe.

Perca.

Ganhe.

Chore.

Agarre a vida.

Sofra.

Vença.

Grite.

Bata.

Com força.

Mais força.

Não é fácil como sua mãe fez parecer, mas sim…

Você chega lá.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Um post caótico de uma madrugada de segunda-feira.

 

Olá,

São 2h da madrugada de uma segunda-feira chuvosa. Pessoalmente, acho esse o melhor horário para escrever minhas palavras nesse blog. Sempre com um fone no ouvido, girando músicas no shuffle, escutando o bom e velho rock ‘n’ roll.

Essa é minha última semana de férias e provavelmente esse será meu último post durante um bom tempo. Não é que eu não goste de escrever aqui, pelo contrário, isso me alivia e costuma tirar um peso imenso de minhas costas (Atlas devia tentar isso!). O que acontece é que nem sempre tenho tempo de escrever durante as aulas pois as leituras e deveres da universidade me sugam todo o tempo livre que teria para extravasar essas palavras caóticas que vocês lêem aqui, em primeira mão.

Bem, esse é realmente um mundo muito fodido, não é mesmo? Parece realmente que todos os caminhos nos levam a nenhum lugar. As placas nas ruas, as pessoas, os anuncios… Tudo isso mais desorienta do que costuma guiar. Estamos submetidos à uma entropia extraordinária e inescapável. Um vórtex obscuro sentimentos igualmente obscuros são a cereja do topo dessa situação.

Acho triste, sinceramente, que muitas pessoas se percam no caminho do auto-entendimento, no entanto, isso é mais comum do que podemos imaginar. Parece realmente que o mundo todo força você a não se conhecer, a deixar de lado sua individualidade, chocando-o com o resto do robôs (idênticos e reconhecíveis) e forçando sua união à eles. Você é só mais um na massa?

É fácil dizer que não.

Na prática, essa é outra história. Eles querem que todos se submetam às mesmas regras, às mesmas condutas. Eles querem que você se enquadre, se junte a eles. Eles querem sugar sua vida até o caroço e cuspir o resto na sua cara, dizendo “aproveita o resto, filho da puta!”.

Quem são eles?

“Eles” na verdade são cada um de nós.

Estamos robotizados, programados para matar e morrer por uma vida vazia.

Vazia de bons sentimentos.

Vazia de espontaneidade.

Vazia de sinceridade.

Vazia de riscos.

Vazia de amor.

Nós temos a mania de deixarmos passar os bons momentos da vida, perdendo-os num piscar de olhos, num pingo de chuva, no “tic tac” do relógio.

Tudo é “agora” e agora é “tudo”.

Quem sou eu?

Essa noite eu me desconheço. Realmente, não me sinto eu mesmo. Essa é apenas uma casca vazia, uma massa com algo quebrado dentro. Minha alma?

Talvez.

Acho que todos nós temos dias como esse, em que ao olhar para nossas ações, percebemos o quão fodidas foram elas e o quanto elas não se parecem nem um pouco congruentes com a peça completa.

Hoje é o meu dia, não me sinto “em casa”.

Sinto coisas diferentes de tudo que já senti antes.

Sinto uma sensação doce de liberdade, inebriante, pra falar a verdade. Será falsa?

Sinto meu coração pesado, alternando com a leveza de uma pluma.

Sinto uma escuridão que insiste em me perseguir.

Sinto que não estou sentindo como antes.

O que deu errado?

Que curva errada da vida, será que eu tomei?

Essa é uma boa pergunta.

Só sei que agora me encontro perdido em um labirinto de emoções estranhas. Só sei que essa noite eu não sou um robô: eu sinto, pelo menos. Não como todo mundo quer que eu seja, ou que esperam de mim. Sinceramente, isso cansa.

Cansa bancar o “Sr. Nice Guy” à todo momento.

Eu também sinto dor.

Eu também fico triste.

Eu também choro, caralho!

Eu tenho esse direito.

Eu tenho o direito de ser o errado às vezes, de não ser a porra do exemplo.

Cansa realmente… e eu estou cansado.

Não estou aqui constantemente evitando mudanças, elas são bem-vindas, desde que não silenciem o meu amanhã.

Me sinto realmente preso ao vórtex. Me sinto girando dentro dele. Rostos conhecidos passando em alta velocidade. Frases de efeito reverberando pelo meu cérebro. Gritos de alegria e dor…

Meu inferno pessoal está me sugando de volta para ele, mas eu decidi: não vou entrar novamente na barca. Não tenho a moeda pro barqueiro e, foda-se, eu não me importo.

Vou continuar na terra um pouco mais. Espero que amanhã os sentidos estejam mais alinhados, eu possa ME entender um pouco mais, escapando desse mundo robótico onde eu pareço viver.

Mundo fodido, como disse no começo. Mas o mundo em que vivemos.

A chuva ainda está caindo lá fora, o relógio ainda está com seu irritante “tic tac” de sempre. Meus olhos piscam de mais…

Espero que isso pare, urgentemente… Não quero perder mais nenhum momento. Mais nada.

Boa noite e bom começo de semana!  Smiley de boca aberta

 

Obs: Post escrito do começo ao final sem nenhuma leitura dos parágrafos anteriores. A intenção era realmente passar como e onde estava minha cabeça no momento em que escrevi esse post.

Obs 2: Acho que realmente deve estar caótico esse post, mas eu nunca saberei… Fiz um pacto comigo mesmo que não irei lê-lo para manter a unicidade do que foi escrito.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Coma.

Jack acordou sobressaltado naquele dia.

Como quem ainda não “pegou no tranco” direito, olhou para o celular ao seu lado e verificou que ainda eram 6h da manhã. Madrugada. Tinha ido dormir tarde no outro dia.

Ele estava ansioso. Esse era o motivo de seu nervosismo, de ter acordado cedo. Era “o dia”.

Em algum momento da vida todos já sentimos um frio na barriga ao se aproximar de alguém especial, esse era o caso.

Há muito tempo atrás Jack namorou uma garota chamada Lucy. Uma encantadora garota mais nova, cheia de vida, ainda meio inexperiente na vida, mas com certeza, linda.

Lucy foi, e ainda era, a garota dos sonhos dele.

Sabe aquela pessoa que você costuma esperar meses para ver e, quando finalmente a vê, sua barriga fica meio fria, suas mãos suam e suas pernas tremem? Sabem as famosas borboletas na barriga?

Bem, era assim que Jack se sentia.

No entanto, a vida fez com que os dois se separassem.

Por muito tempo Jack ficou só, buscando reconquistar migalhas de atenção de Lucy, que ainda muito nova, desejava curtir a vida, conhecendo outros garotos e experimentando novas sensações em bocas e corpos diferentes. Não havia muito contato entre eles agora.

A separação dos dois não havia sido daquelas difíceis, tinha sido bem fácil, na realidade. É óbvio que os dois lados haviam ficado tristes, porém ainda eram jovens e tinham muito a viver.

Antes de trocarem as últimas palavras como namorados, combinaram que uma vez a cada ano iriam se encontrar para sair, ver como andava a vida um do outro, tomar um drink juntos e ver se já estavam prontos para embarcarem novamente naquele amor.

Ora, o amor ainda existia. Ali sim, podia-se enxergar, a olhos nus, um conto de fadas.

Mesmo separados, ainda nutriam o mesmo amor, se não mais, um pelo outro.

Cinco anos se passaram.

Era dia de encontrá-la. Ele havia esperado um ano inteiro por isso. Tudo que fizera, fizera pensando nela: exercitou-se por ela, estudou por ela, respirou para continuar pensando nela. Lucy estava em tudo que ele fazia. Em cada centelha de vida, em cada instante.

Ele sabia que ela estava com um novo sujeito, mas tudo bem, ele mesmo havia se aventurado com várias garotas, mas nenhuma se mostrou, ao final, digna de seu amor, compatível com seu beijo.

Às 18h da noite, lá estava ele, tomado banho e arrumado, pronto para vê-la.

Mil coisas passavam por sua cabeça sonhadora: como será que está o cabelo dela? Será que ela está bem? Será que ainda ri daquela forma engraçada? Será que ainda tem cócegas no pescoço?

Ela estava 15 minutos atrasada. Seu coração estava há tempos em disparada, parecia que iria sair pela boca a qualquer segundo.

Suas mãos suavam.

Suas pernas tremiam.

Seu estômago estava frio.

Cinco anos desde que haviam terminado seu relacionamento e ele continuava daquele jeito. Se aquilo não fosse amor, ele não sabia o que o amor realmente significava.

Ao término de mais 10 minutos, lá vinha ela, caminhando ao final da rua.

Seus cabelos negros esvoaçando no ar.

Seus olhos castanhos procurando-o.

Seus lábios perfeitamente pintados de rosa claro exibiam um sorriso sensual.

Caminhava em sua direção.

Os dois se abraçaram, finalmente. Havia um ano desde que aquele ato não acontecia.

Jack sorria de orelha a orelha, no entanto, algo estava errado.

Ali estavam os dois, como prometido. Estavam felizes, mas algo não estava normal.

Havia algo no sorriso de Lucy, no modo como ela o abraçara e começara a conversar com ele.

O sentimento certamente havia diminuído. Ela começara a esquecê-lo.

Jack não a sentia mais ali.

Aquela não era a garota com que ele sonhara durante todo esse tempo. Aquela não era a sua musa, seu amor maior. Aquela ali, parada em frente a ele, era uma estranha no corpo de sua amada.

Subitamente, não havia mais faíscas. Suas mãos não tremiam, nem suas pernas. Sua barriga parara de congelar. As borboletas perderam as asas.

“Tudo bem”, pensou ele.

Respirou fundo, fez um sinal de pare com a mão direita, indicando para a garota que parasse de tagarelar sobre suas amigas e sobre seu novo namorado, olhou em seus olhos e perguntou:

-Não é mais a mesma coisa, não é mesmo?

-Não. – Ela disse.

-Certo... Você ainda continua linda, sabia?

-Obrigado, mas eu nem tive tempo de me arrumar direito.

-É... De qualquer forma, eu sou meio suspeito para te elogiar.

-É mesmo...

Aquele era o fim.

Jack não a sentia mais ali, não sentia interesse algum dela. Só havia uma coisa a se fazer:

-Acho que esse é nosso adeus.

-Como assim? – Perguntou ela.

-Obviamente você tem um novo alguém, enquanto eu permaneci estagnado durante esses anos todos.

-Isso não é verdade, você saiu com muitas garotas lindas durante esse tempo... – Havia um pouco de raiva na voz dela. Talvez um pouco de ciúme.

-É verdade, mas nenhuma delas era você.

-Como assim? – Estava intrigada.

-Nenhuma delas tinha seu cheiro, ou seu gosto. Nenhuma delas sabia como conversar comigo direito, eu simplesmente não me divertia com suas conversas sobre festas e amigas ricas. Nenhuma delas tinha seu senso de humor. Nenhuma delas sabia apreciar uma boa noite olhando para as estrelas. Nenhuma delas sabia como me tocar, como me deixar louco, como você sabia. Nenhuma delas tinha seu beijo, seu corpo. Nenhuma delas me olhava do jeito como você fazia e, principalmente, nenhuma delas era você.

-...

-É você quem eu sempre quis. Nesse momento eu te quero...

-Por favor, pare.

-...mais que tudo.

-Você não entende. Eu estou feliz com ele. Estou feliz com minha nova vida...

Silêncio.

Jack sabia que não havia mais como mudá-la. Aquela casca vazia não continha mais aquilo que ele tanto cuidara, que ele tanto desejara durante todo esse tempo. Era apenas mais uma garota.

-Desculpa te fazer perder seu tempo, hoje, e durante esses cinco anos que nos vimos.

-Não diz isso, Jack... O tempo que passamos juntos foi bom...

Um beijo.

Sem pensar duas vezes ele a beijara.

Fora estranho a princípio. As bocas não se conheciam mais. Pareciam não se encaixar.

Mas por um instante, tudo estava bem...

PAFT!

Um grande tapa na cara dele. Uma Lucy com cara de ódio, gritando, no meio da rua:

-Eu te odeio, seu grande idiota! É isso que você merece! Você também não é mais a mesma pessoa, o mesmo cara que eu amei! Vive agora murmurando pelos cantos, chamando o meu nome. Escritor frustrado, músico decadente! A única coisa que você sabe fazer agora é beber seus whiskys baratos e choramingar aos seus amigos! Você não me engana! Eu sei de tudo sobre você! Ora, eu continuei te observando, cuidando de você! Mas você agora não merece minha atenção, nem o meu carinho. É isso, Jack. Adeus.

Lá se iam seus grandes olhos castanhos e sua boca perfeitamente pintada. Seu perfume ia sumindo ao final da rua. Sumira.

Ele ainda estava em choque. Por um mero instante, que para ele pareceu horas, ela fora dele. Ela gostara daquele beijo, ele sabia.

Mas agora...

Agora tudo que restava era uma marca avermelhada de uma mão na sua face direita e uma marca rosa de batom em sua boca.

Não havia nada o que fazer.

Conformado, seguiu para casa. Tirou suas roupas, entrou na banheira. Sentia-se sujo, precisava lavar-se.

Ao seu lado estava uma garrafa cheia de um whisky de 25 reais e um tubo de remédios para dor.

Seu coração doía.

Lágrimas escorriam em sua face.

Tomou algumas pílulas, desceu aquilo tudo com whisky.

Engasgou-se com um soluço choroso durante o processo.

A garrafa agora estava pela metade.

¼.

Seu mundo girava.

Ele balbuciava coisas.

A garrafa havia chegado ao fim. O pote de remédio, igualmente.

Jack estava ali, parado em baixo d’água.

O telefone tocava em sua casa vazia: Lucy queria desculpar-se pelo modo grosseiro que o tratara.

Mas ninguém atendera.

Ela chorava também do outro lado da linha. Ainda sentia algo por ele, só não gostava de lembrar, pois aquilo tudo, aquela distância, também fazia mal a ela.

Ele finalmente havia esquecido ela. Cinco anos preso a um fantasma. A uma idealização de uma mulher perfeita.

Afinal, o que é perfeição?

Jack só havia entendido isso quando ela finalmente dera as costas para ele, deixando-o espantado após um beijo tão bonito.

O efeito colateral dessa descoberta fora forte de mais para ele.

Cinco anos de vida dedicados a ela.

Sua juventude. Seu amor. Sua vida.

Ilusão.

Sua mão mexe um pouco.

Sua mente está completamente escurecida.

A água em baixo do queixo, como um espelho para uma última lágrima.

Coma.

domingo, 2 de janeiro de 2011

O silêncio de um sono profundo.

A postagem de hoje é uma pequena crônica que escrevi inspirado por algumas músicas e a vivência de relacionamentos que tive.

Não se surpreendam se estiver um pouco confuso. Essa é a intenção x)


O silêncio de um sono profundo.


Mais uma vez me encontro perdido.

Perdido em uma melodia nostálgica em um lugar desconhecido.

Seria em minha mente?

Não sei ao certo, as lembranças estão confusas de mais para entender.

Ainda respiro?

Ainda.

Que bom, ainda há tanto a dizer...

Eu queria te dizer, que os dias não tem sido fáceis.

Amar-te tem sido a coisa mais dolorosa e mais difícil que já fiz em minha vida, sabia?

Ora, reconheça o meu esforço, pois continuo caminhando feito um filho da mãe...

Correndo atrás de sua atenção.

Mais um minuto, por favor, preciso dizer o que ficou na garganta.

Mais uma vez.

Desabafos não estão te trazendo de volta.

Continuo perdido.

Admito que sinto falta do seu cheiro doce, do seu jeito engraçado de rir.

Mas, sinceramente, eu não sei mais quem é você.

Será que um dia eu realmente te conheci?

Falei com você?

Toquei sua pele?

Ou será que tudo isso é fruto da minha forte imaginação e você não era nada mais do que uma estranha passando ao meu lado na rua?

Você é tudo que importa e pra sempre eu saberei disso.

Minha doce ilusão.

E eu continuo caminhando.

Continuo perdido.

Eu olho ao redor, mas não consigo mais enxergar nada.

Não vejo saída.

Penso que tudo seria diferente se eu pudesse voltar no tempo, mas... Seria mesmo?

Naquele tempo seus olhos me encaravam com uma sagacidade que eu não podia compreender.

Aqueles mesmos olhos selvagens.

Seria o carinho verdadeiro que tanto busquei, ou apenas mais uma peça pregada por minha mente doentia?

Ainda não consigo distinguir o real do irreal.

Sinto minhas mãos frias, minhas pernas trêmulas. Você está ao meu lado. Você está ali, sorrindo pra mim.

Um odor gostoso sai de sua boca. Cheira como um lar pra mim. Onde devo ficar para sempre.

Mas agora...

Agora é um inferno completo, pois sei que isso é apenas um sonho.

Estou na verdade queimando em um mar de chamas. Torrado até o fim.

Não é fácil expressar indecisões e, sinceramente, estou apanhando das palavras agora.

Uma garrafa de whisky pende debilmente de minha mão esquerda.

Estou um pouco tonto.

Não importa agora, fui um tonto minha vida inteira.

Fui tonto quando deixei escapar de minhas mãos as suas asas, afinal, você voou para longe de mim.

Onde estará agora?

Você era o único rosto que eu conhecia.

A única escapatória par esse mundo caótico.

Você era minha realidade irreal.

Hoje?

Estou vagando perdido em um mar de bocas e abraços. De pernas e salivas. De indecisão e saudade.

O vento carregou para longe as palavras que saíram de minha boca.

Elas diziam: “não vá... Preciso de você aqui!”

Com a mesma sagacidade que eu via em seus olhos você me deixou naquele dia frio.

Meus lábios tremiam desolados, sentiam sua falta.

Eu sentia sua falta.

A desintoxicação foi foda.

Eu me senti um idiota durante muito tempo.

Senti-me um estrangeiro, um gaijin.

Perdido em meu próprio mundo, sem saber pra onde ir.

Eu corri, perdido, buscando te encontrar em alguma esquina. Em alguma avenida, caminhando por entre os carros.

Não achei.

O presente é a dura realidade.

Sinto-me cercado de pessoas, cercado de outras.

Mas me sinto só.

Sinto-me perdido.

Sinto-me cego.

Não creio que irei me encontrar enquanto continuar vivendo essa vida que levo.

Esse caminho autodestrutivo nunca me fez muito bem.

Pelo contrário, sempre me afastou das pessoas.

“Não faça isso...”

Eu vou fazer!

“Não diga isso...”

Eu vou dizer!

“Não vá pra lá...”

Eu irei!

Isso um dia vai me matar, sério.

O coração fraco não agüenta mais. Bate forte.

A garrafa de whisky está no chão agora, derramando o resto da minha vida.

Patético não é mesmo?

Sinto meu último suspiro sair de minha boca trêmula.

Estou deitado ao lado de minha própria porcaria: vômito, cigarros, álcool e comida por todo o lugar.

Pessoas nos quartos. Mulheres bêbadas, homens imbecis.

Desconhecidos.

Continuo no chão.

Vou perdendo a consciência.

Seu sorriso está voltando...

Seu cheiro doce...

Seus olhos selvagens...

Um vento quente passa por meus lábios trêmulos e o esquenta. Sinto o odor gostoso de sua boca.

Você está mesmo aqui?

Se estiver, pode segurar minha mão?

Estou assustado.

Obrigado. Senti sua falta.

Sabe... eu estive perdido esse tempo todo.

Mas, com você aqui, eu sinto que estou de volta em casa.

Não estou mais perdido.

Só não me diga que isso não é a realidade, que você não está aqui...

Eu só quero acreditar que você...

Eu só quero acreditar...

Acreditar... você... de volta... mim.

Finalmente o silêncio de um sono profundo.

...


Falo com vocês em breve,

ArthurR