Vou falar resumidamente um pouco dos últimos dias: Há duas semanas atrás rolou o primeiro ensaio da banda nova, nossa proposta envolve majoritariamente o Hard Rock. Os caras detonaram! O ensaio foi foda! Havíamos marcado para sexta passada outro, mas Alyson precisou ajudar Uskaravelho montando as coisas e passando o som lá no Pepper's. Falando em Pepper's, eu mesmo fui pro show d'Uskaras com Jumentão e Everton. Show bem massa, bebi um pouco lá, curti o show, vi Everton iniciando seu "contrato" (como diria o sacana do Nijus) e depois fomos pra casa en la madrugada com o rock truando no carro. Uhul!
Essa semana em si, a dita cuja, foi foda. Foda de cansaço. Tava rolando a "Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos" com muitos Doutores e estrangeiros... Tudo isso na UFRN! Quem diria! Bem, fora isso teve a prova de Mariano que me custou muitas horas de estudo (e ainda me ferrei na prova) e os trabalhos inacabáveis. Não pude ir pra aula de canto nem essa nem na outra semana e isso realmente é uma merda. Tenho que pedir desculpas a Jeff, não tenho sido o melhor aluno dele, mas eu quero MUITO isso e quando eu quero uma coisa, eu me esforço pra caralho até conseguir.
Passamos então para o dia de hoje. Acordei de bem com a vida, liguei o pc e assisti Supernatural, The Mentalist e Smallville. Fui pra cozinha, fiz ovo com bacon pra mim e pra meu irmão, aqueci o pão e comi um pouco. Nathalia me liga no meio do processo e discutimos pra caralho por uma merda. Besteira mesmo.
Superado o acontecimento, volto a comida, já ta na hora do almoço e eu tomando café da manhã. Meu irmão tá vegetando em cima da cama, vendo True Blood. Vou pro pc, baixo um album do Lynyrd Skynyrd e ponho-me a ouvir incessantemente Simple Man. Puta música de uma puta banda. Foda.
Fico com fome de novo. Vou na cozinha e tiro da geladeira as coisas pro almoço, ajeito e esquento. Como. Chamo meu irmão. Nada, ele ta vegetando ainda. Vou pro pc de novo, mais música, mais seriado, agora True Blood. "Die Crepúsculo!". Ligo pro meu pai, pergunto se ele vai demorar muito no churrasco que ele tá, ele diz que vai chegar a tempo de eu ir pra festa de Talitha. Maravilha, vai ser massa! Uhul!
As horas vão passando e eu assistindo seriado no pc e nos intervalos, vou ouvindo Lynyrd. Me entorpeço de sono, mas não consigo dormir... Estranho... Chato. Tá na hora de eu sair pra festa de Talitha e nada dos meus pais. Ligo pra eles. Tão presos num engarrafamento, "Beleza, dá tempo de me arrumar com calma". Janto, já que não costumo comer nada em festas, e vou tirar a barba (digna de Moisés) e depois pro bom e velho banho do dia. Tô cheiroso e me arrumando quando tudo desanda... Meu pai pergunta da louça que está na pia e diz que só vou sair de casa quando lavar tudo. Eu digo que parte é minha e parte é do meu irmão. Vou até a cozinha, ainda de toalhas, e lavo minha parte. Ficam duas panelas: Uma que estava limpa, mas tinha formigas andando por ela, e a panela em que fritei o bacon e fiz o ovo do café da manhã. Peço pra meu irmão, André, ir lavar a louça. Meu irmão começa então a merda toda. Ele já vem dizendo que não faço nada em casa, que sou um preguiçoso e que eu devia fazer alguma coisa. Enfia no cú porra! Eu lavei minha parte da louça! Ele vem me dizer, já gritando e me provocando, que a louça do almoço ele já lavou e que não vai lavar o resto. Foda-se! Como tem na pia louça ainda do café da manhã?! Mas a questão nem é essa! É sobre eu sempre ser bom, fazer suquinho, fazer café da manhã, esquentar o pão dele, ajudar ele quando ele precisa e ele agora vir dizer que eu não faço nada... Ta bom. Me aguarde.
Ele grita comigo. Eu grito com ele. Ele dramatiza, fala que sou preguiçoso, que não faço nada e que ele é quem sempre lava toda minha louça. Mentira do caralho! Eu sempre lavei a louça dele e nunca reclamei! Admito que essa semana eu não lavei nada, mas também, eu chegava do congresso de 12h30~13h, almoçava, cochilava e acordava pra estudar e logo depois saia de novo pro congresso. Se eu fosse lavar louça, não descansava e logo não aproveitaria petecas nenhuma do congresso. Bem, sei que ele me provocou mas e eu mordi a isca. Comecei a gritar com ele. Lágrimas de raiva descem pelo meu rosto. Faziam anos que eu não chorava. Ele dramatiza mais. Não aguento, vou correndo de um lado ao outro da casa para dar uma voadora nele. Nesse momento eu pareço um ninja com um pé na meia e outro no chão, sem camisa e com as calças caindo. Meu pai impede de eu chutar ele. Minha mãe grita alguma coisa. Meu irmão fala mais merda. Eu empurro ele contra a pia. Foda-se.
Vou me acalmar na minha fortaleza da solidão, meu quarto. Lavo o rosto e me visto. Meu pai me chama pra sair. Eu entro no carro. Meu irmão vai junto, também vai sair. Silêncio mortal no veículo. Meus olhos ainda estão lacrimosos. Pergunto a Nathalia aonde é a casa de Talitha, ela me explica. Quando tá chegando perto eu digo: "André, escute bem o que eu vou falar.", meu pai manda eu me calar, eu mando ELE se calar. Eu tenho direito de falar, droga!
"André, escute bem o que vou falar: Eu não quero mais nada de você. Porra nenhuma mais. Não quero seu dinheiro, não quero que você me leve de carona pra canto nenhum, não quero que você cozinhe pra mim, nem quero que você lave louça minha. Quando eu chegar em casa da universidade, pode deixar que eu esquento tudo que estiver frio. De você eu não quero nada. Eu não preciso de nada."
Meu pai parece preocupado. Meu irmão ri, debochando. Eu falo sério. Não quero nada dele. Desço do carro e peço pro meu pai ir me buscar às 22h, meu irmão fala que vai ficar com o carro. Tô nem ai, se ele ficar eu vou de ônibus.
Chego na festa e vou direto aonde está Nathalia e peço um particular com ela, preciso desabafar com alguém. Ela me abraça e eu choro. Choro como um bebê. Soluço. Choro mais. Ela me senta, limpa minhas lágrimas e pede pra eu me acalmar. "Conta amor... O que houve?!". Acalmo sua preocupação falando do que tinha acontecido com André... Mas isso é só a última gota d'água de um balde inteiro! Eu estava pra explodir de stress, cansaço e pressão social... Esse foi só o estopim. Falo pra ela tudo que estou sentindo... Sobre como é difícil ser eu, lidar com meus amigos, fazer o máximo na escola. Da pressão que ando sentindo. Das brigas constantes. Da responsabilidade que os amigos costumam botar nas minhas costas... Ando passando por muito mais coisas do que deveria passar um cara de 17 anos. Essas merdas acontecem, eu sei, e por isso, aproveito para chorar bastante no ombro dela. Respiro fundo. Deixei esvaziar tudo de uma vez... Nos braços dela. Nessa hora, em que nós dois olhamos pro céu e ela limpa minhas lágrimas eu lembro de um trecho de Simple Man:
Mama told me when I was young
Come sit beside me, my only son
And listen closely to what I say.
And if you do this
It will help you some sunny day.
Take your time... Don't live too fast,
Troubles will come and they will pass.
Go find a woman and you'll find love,
And don't forget son,
There is someone up above.
And be a simple kind of man.
Be something you love and understand.
Be a simple kind of man.
Won't you do this for me son,
If you can?
Ela é a mulher certa... E assim, eu me ponho a chorar tudo que tinha de por pra fora, enxugo minhas lágrimas, faço uma piadinha, rimos e voltamos pra festa. Tudo certo, tudo corre bem: Pessoas bonitas, minha namorada super-carinhosa, risadas, pessoas falando besteira... Tudo bem. Nathalia me oferece uma cerveja. De inicio eu digo "sim", mas ao sentir minha cabeça doendo, nego. Nem acredito nisso. Logo eu negando uma loira gelada... Bem, a vida segue, a festa também. Logo ela chega ao fim. Nathalia diz que vai ficar pra dormir na casa de Talitha. "Tudo bem meu amor, pode ficar! Divirta-se!". Mas isso estraga nosso programa amanhã... E logo amanhã, aniversário de namoro, logo amanhã que eu precisarei tanto dela. Ela pede desculpa, mas mantém o plano de dormir na casa da amiga. Tudo bem... Primeiro aniversário sem vê-la.
Saio da festa meio chateado. É meu irmão que vem me pegar, o carro ta com ele. Fico ainda mais chateado. Fecho a cara. Não queria ir com ele. Só não realmente peguei um ônibus porque estava sem dinheiro. Pra minha sorte a filhinha da namorada dele está no banco de trás e eu vou brincando com ela e conversando sobre pokemon até chegar em casa. Minha cabeça dói. Eu to com raiva. Estressado. Amanhã tenho aula de direção e muito estudo. Minha mãe pergunta como foi a festa. "É... Foi". "Como assim?! O que aconteceu?". "Nada mãe... nada".
Entro no escritório, fecho a porta e ligo minha playlist de Lynyrd Skynyrd. Tá tocando Freebird. Meu irmão chega em casa. Ignoro. Meu pai cancela a aula de direção, droga. Nathalia liga, diz que vai resenhar com as amigas e que por isso vai dar boa noite logo... Ela me manda dormir, "Também te amor, dorme bem". A música tá no fimzinho. Tem um trecho massa que eu curto muito no fim, vem bem a calhar:
"Cause I'm as free as a bird now,
And this bird you'll never change.
And this bird you can not change.
Lord knows, I can't change.
Lord help me, I can't change!"
E então cá estou eu. Morto. Cansado. Stressado. Com dor de cabeça (e não é de ressaca!). Brigado com meu irmão e pronto pra passar o dia de amanhã sem meu amor. Droga de noite! Que o dia de amanhã traga coisas novas e melhores pra mim... Se não trouxerem, tudo bem. I'm a free bird. I'm free as a bird. E não, eu não mudo pra agradar ninguém. Boas noites. Fiquem em paz, eu irei.
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